Ele apareceu sorrateiro
Quando eu mais precisava
Eu estava falida, fodida, sem a mínima expectativa
Do que fazer da minha vida
Ele me ofereceu uma lanterna velha
Pra iluminar os meus planos
Era difícil ver o que podia acontecer
Eu sonhava com isso há anos!
Vultos, eram vultos
Eu assustada, chorava tudo
Chorava só
Chorava muito
Ele sem dó deu a passagem
E a oportunidade de escapar
Do Porto sem dono que eu fui me enfiar
O inferno me recebeu de braços abertos
E riu da minha inocência e não notar
Sozinha, tão sozinha
Eu não queria
Ter assinado o contrato forjado
Pelo próprio diabo
Pronto pra acabar com qualquer resto de mim
Estalava o chicote dourado
E me dava cadeira pra assistir
As ameaças, pirraças, trapaças
Sem graça, desgraça
Desgraça! Desgraça!!
Vulto, me fez um vulto
Só mais um vulto
Eu perdi tudo
Todo meu mundo
Regado a lágrimas e suor
Implorei para que Deus me levasse
Em todas as tardes que olhei o mar
O diabo quebrou meus joelhos
Me entregou uma pá e mandou eu cavar
Prantos, tantos prantos
Que eu não ouvi cantando
Os anjos chegando
Anjos, eram anjos
Me ofereceram suas asas
Porque eu não podia andar
Anjos, eram anjos
Me devolveram os joelhos
E a vontade de amar
Respirei aliviada achando que tinha acabado
Senti o bafo do diabo ao meu lado
Que gargalhava e bradava
Te prepara
Vai piorar
Eu vou melhorar
Vou acabar com o resto de você
Grita
Ninguém vai te ouvir
Chora
Eu vou rir, vou mentir
Chutar até você não reagir
Engano, ledo engano
Há anjos chegando
Pra não me deixar desistir
Anjos, os meus anjos
Me deram uma espada
E me mandaram seguir
O diabo correu calado
Mudou o penteado
Continua um mal amado
No negócio de contratos por aí
É isso aí!
Corre, mas corre mesmo
O meu exército é do amor
E você não engana mais ninguém
Agora a cadeira é sua
Pra assistir a vitória do bem
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